Fake News é um fenômeno nazista

A mentira organizada ou mesmo a vontade de mentira das massas são o prelúdio da violência característica dos movimentos totalitários de tomar a realidade para eles e transformar o mundo num objeto criado por sua imaginação. Goebbels, ministro da propaganda nazista, tinha como lema que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Grande parte do ódio antissemita necessário para a posterior aplicação do holocausto e do extermínio judeu foi alimentado por mentiras paranoicas em relação às vítimas, incluindo um conluio internacional entre os bolcheviques e os judeus da Wall Street contra os alemães.

Hoje no Brasil existe uma indústria de fake news, com propagação de mentiras profissionais para difamar movimentos sociais e legitimar a violência coletiva contra esses movimentos. Por meio das redes sociais essas mentiras são propagadas com uma capilaridade incrível. E a aceitação dessas mentiras denuncia o que há de mais frágil no sociedade brasileira: seu bom senso.

Só para citar os casos recentes, após a execução de Marielle, espalharam que ela namorava traficante e foi morta pelo tráfico. Quando atiraram no acampamento do PT semana passada, espalharam que os próprios militantes atiraram em si mesmos para simular um ataque. Agora, com o incêndio da ocupação no prédio da PF, propagam que os movimentos sociais de ocupação possuem um conluio com os donos de imóveis ociosos para tirar dinheiro do Estado, que a vacina Coronavac, quem tomar vai se transformar em jacaré.

São mentiras que impressionam pelo poder de imaginação e pelo distanciamento da realidade. É de fato a substituição do mundo real por um mundo fictício em que todos os movimentos sociais são monstros corruptos capazes de propagar o mal diabólico na terra para atacar a classe média.

Não sei até que ponto rogar pela responsabilidade política de parar para pensar e checar fontes tem efeito nesse momento. Uma sombra de obscuridade ronda a sociedade brasileira há tempo e é sempre chocante como o autoengano é tão extremo e ao mesmo tempo tão banal quanto o próprio Mal.

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