O conflito entre os interesses comerciais e a saúde infantil no cenário internacional
A amamentação, um dos pilares da boa medicina e pediatria, é amplamente reconhecida como a melhor forma de garantir a saúde do bebê, oferecendo benefícios que vão além da composição única e incomparável do leite materno. Além da nutrição, o ato de amamentar promove o vínculo afetivo entre mãe e filho, com estímulos neuro-sensoriais essenciais para o desenvolvimento neuro-psico-motor da criança. No entanto, em casos excepcionais onde o aleitamento materno não é possível, o uso de fórmulas infantis deve ser uma decisão médica, sempre considerando os riscos envolvidos.
O recente episódio envolvendo a delegação dos Estados Unidos na Organização Mundial da Saúde (OMS) gerou grande repercussão e indignação. Em uma reunião da Assembleia Mundial da Saúde, os diplomatas norte-americanos surpreenderam a comunidade internacional ao se posicionarem contra uma resolução de incentivo à amamentação, favorecendo, de forma explícita, os interesses da indústria de fórmulas infantis. O mais grave foi a pressão exercida sobre outros países, com ameaças de sanções comerciais e perda de ajuda militar caso apoiassem a medida que defendia o incentivo à amamentação.
A resolução proposta pela OMS era baseada em décadas de pesquisas científicas, que confirmam os benefícios incomparáveis do leite materno para a saúde das crianças menores, como prevenção de doenças e apoio ao desenvolvimento saudável. Além disso, recomendava-se a limitação da propaganda de fórmulas infantis, que frequentemente enganam os consumidores sobre seus benefícios e os comparam de maneira imprópria ao leite materno. No entanto, ao se opor a essas recomendações, os EUA, em um movimento controverso e questionável, procuraram minar as evidências científicas em favor de uma indústria lucrativa, colocando seus interesses financeiros acima da saúde pública e do bem-estar infantil.
A tentativa de remoção da recomendação sobre amamentação do texto final da resolução e a pressão sobre países como o Equador, a África e a América Latina são exemplos claros da influência da indústria de fórmulas na política internacional, algo que é inaceitável quando colocado em confronto com a saúde pública global. A pressão foi interrompida apenas com a intervenção de outros países, como a Rússia, que ajudaram a reverter a situação, demonstrando que, quando se trata de saúde pública, é essencial que a ciência prevaleça sobre os interesses comerciais.
Esse episódio revela não apenas a falta de ética de uma indústria em busca de lucros, mas também a necessidade de uma postura firme por parte das nações em defender a saúde das crianças e a amamentação como uma prioridade. O leite materno, como todos os estudos científicos comprovam, é insubstituível e deve ser promovido como a principal fonte de alimentação para os bebês, independentemente das pressões exercidas por grandes corporações.