Diversidade trans

As antigas designações patologizantes das identidades trans (“transexualismo F64.0″; travestismo bivalente F64.1” e “travestismo fetichista F65.1) não existem mais.

De fato, não havia qualquer justificativa para qualificar “travestimo” como “bivalente” ou “fetichista” ou sequer falar em “travestismo” ou “transexualismo” senão a transfobia médica.

Era principalmente uma forma de negar às identidades não cis-referenciadas, como as travestis, um lugar de identidade legítima, tratando-as como se fossem o meio de campo entre cisgeneridade e transgeneridade. E tal categoria é cisnormativa na medida em que tem a cisgeneridade como referência. Nesse sentido, o que obtivemos agora é um avanço.

O novo CID aprovado no dia 18 de junho de 2018, pela OMS, 28 anos após finalmente despatologizar a homossexualidade, é:

“A incongruência de gênero é caracterizada por uma incongruência acentuada e persistente entre o sexo experienciado de um indivíduo e o sexo atribuído. Comportamento variante de gênero e preferências por si só não são uma base para atribuir os diagnósticos neste grupo.”

A medicina assim se atém na questão trans a descreve-la como a incongruência entre o sexo designado e o sexo com o qual a pessoa se identifica, abandonando as múltiplas descrições classificatórias, colonizadoras e hierarquizantes entre travestis e transexuais. Aparentemente, a medicina tem se colocado progressivamente no seu lugar.

Uma designação abrangente e simples, sem especificações arbitrárias, é o suficiente para o que as pessoas trans podem precisar da medicina no momento.

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