Estive pensando que todos nós brasileiros a quem ainda restou alma, que conseguem se indignar com os abusos que Bolsonaro, sua família e seus ministros e seguidores cometem com discursos e ações nefastas, ofensivas, sádicas e de consequências catastróficas, estamos tento um ensaio da experiência que torturados políticos sofreram nos porões da ditadura.
Chegamos num momento em que não temos mais expectativa nenhuma, apenas aguentamos a dor e o asco um dia após o outro, esperando acabar, se acabar, quando acabar caso alguma coisa aconteça para tirá-lo de lá.
É uma experiência de dilatação do tempo, da perda de referência, em que a única companhia certa é o sentimento de solidão e dor diante de um sujeito asqueroso que não pode vê-lo se dobrar. Cada instante é uma resistência, e cada gesto de tortura é mais um tranco que engolimos seco. Eu vejo a imagem de Bolsonaro, escuto seu nome, e meu corpo reage.
Já sinto náuseas, mas não de enjoo. De asco. Meu estômago contorce, minha pele sua, meu coração palpita. O nojo toma conta de mim e da minha existência diante do absurdo cotidiano. Muito me aprazaria se aqueles que sentem essa mesma tortura diária canalizassem com coragem e união um movimento para barrar este homem e seus apoiadores.
Bolsonaro precisa ser retirado do poder, merece ser preso, execrado e excluído da sociedade, jogado na lata do lixo da história e usado como anti-exemplo para jamais ser repetido. Ele é um anti-homem, um anti-tudo. Que seu nome seja uma maldição e sinônimo da pequenez e do abismo a que o homem pode chegar. Ele é porão em que o Brasil se jogou em frente ao mundo.