A crise de oxigênio em Manaus evidencia a negligência e o desamparo na gestão da saúde pública durante a pandemia.

Em pleno coração da Amazônia, onde a vida pulsa de maneira vibrante na maior floresta tropical do mundo, o direito universal à respiração foi tragicamente negado. Pacientes, tanto com Covid-19 quanto com outras condições que requerem suporte de oxigênio, foram condenados à asfixia devido à falta desse insumo vital nos hospitais. O cenário desolador de 2021, agravado por manifestações contra o isolamento social promovidas por grupos bolsonaristas no final de 2020, culminou em uma crise humanitária sem precedentes.
O colapso do sistema de saúde em Manaus não se restringiu aos doentes com Covid-19. Todos aqueles necessitados de oxigênio enfrentaram uma morte agonizante, suas vidas ceifadas pela hipoxia. Enquanto isso, o ministro da saúde defendia o uso de tratamentos precoces sem comprovação científica, ignorando os avanços e as recomendações globais. A ineficácia das políticas e medidas adotadas pelo governo federal ficou escancarada, revelando uma gestão eficiente apenas na disseminação do caos e da morte.
A indiferença e a crueldade do governo foram personificadas em declarações que minimizam a gravidade da pandemia e ridicularizam o sofrimento das vítimas. O presidente, ao se eximir de responsabilidades, expôs a falência das instituições, que desde o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, têm sido incapazes de cumprir suas funções essenciais. O golpe de 2016 não apenas desestabilizou o governo, mas também enfraqueceu a já frágil democracia brasileira, deixando o país vulnerável a lideranças autoritárias e negligentes.
Diante dessa tragédia, a inação das instituições é um reflexo de sua desintegração. O desprezo pela vida e pela dignidade humana, aliado à falta de uma resposta efetiva, transforma o Brasil em um palco de injustiças e sofrimento contínuo. A crise de oxigênio em Manaus não é apenas um fracasso logístico, mas um símbolo do colapso moral e institucional que assola o país.