A derrota de Bolsonaro em meio a vacina

A queda de mais um ministro da saúde, está quase certa, Eduardo Pazuello está no cargo desde dia 16 de maio do ano passado, após a saída Nelson Teich.

Auxiliares do governo Bolsonaro (Sem Partido), pedem a saída após derrota na “briga da vacina”, contra o governador de São Paulo, João Doria (PSBD), que na tarde de domingo (17), imunizou a primeira brasileira contra o coronavírus.

SÃO PAULO, SP, 18.01.2021 - VACINA-DISTRIBUIÇÃO - O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, inicia a distribuição da vacina contra a Covid-19, junto com os governadores dos estados, nesta segunda-feira (18). (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)
SÃO PAULO, SP, 18.01.2021 – VACINA-DISTRIBUIÇÃO – O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, inicia a distribuição da vacina contra a Covid-19, junto com os governadores dos estados, nesta segunda-feira (18). (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

Essa é uma briga do presidente que vem trocando farpas com o governador de SP desde o início da pandemia. Houve uma pressão muito grande de outros governadores para que a vacinação tivesse início às 17h desta segunda-feira.

O governo federal tentou de tudo para ter apoio de outros governantes de diferentes estados para ir contra o Doria, mas essa tentativa saiu pela culatra.

Vale ressaltar que diferentes ministros da pasta do presidente, salientam que a postura da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ao aprovar o uso emergencial da Coronavac, vacina produzida da parceria do Instituto Butantan com a Sinovac, laboratório Chinês e a Oxford parceria da Fiocruz com o laboratório Serum, na Índia, que está produzindo a vacina desenvolvida pela universidade do Reino Unido e pelo laboratório AstraZeneca, foi contragosto nas contas de Bolsonaro.

O presidente nunca seria o garoto-propaganda da vacina, por ser sempre contra o uso do imunizante da China, tempos atrás dizendo que quem tomasse a vacina, se transformaria em Jacaré, usando bordões da “vacina do Doria”, e vacina “chinesa”.

CoronaVac: vacina desenvolvida pela Sinovac Life Science
Dose da vacina Sinovac contra coronavírus – Andre Borges/EFE | RevistaVeja

O xeque-mate na logística

O agravamento na situação em Manaus que entrou em colapso, após a falta de respiradores, erro grave do Ministério da Saúde e Governo Federal, mostrou a incapacidade dos atuais postos usados por Bolsonaro e Pazuello.

Duas milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca feitas na Índia, não chegaram a solo nacional, e processo deve agravar ainda mais, o que se sabe é que com o atraso da vacina prometida pelo Ministério da Saúde para o Plano Nacional de Imunização: a da Oxford/AstraZeneca, seria uma mera ficção.

Apesar do desgaste na logística por mais que Pazuello tenha experiência em gestão, a pressão para sua saída está a todo vapor, resta saber se Bolsonaro, aguentará essa intimidação, pois, se um cai, o outro pode ser levado junto.

A inexperiência do Ministro da Saúde, na aquisição das doses da vacina foi um fracasso da pasta na negociação com a Índia, entretanto esse foram episódios vistos pelo braço militar como a gota d’água para que a mudança no comando do cargo seja antecipada.

Houve também uma avaliação de que ele não tenha feito uma intervenção enfática das Forças Armadas no transporte de materiais essenciais a cidades em situação crítica por causa da Covid-19.

Com o envio de cilindros de oxigênio enviados pelo Ministério da Defesa no dia 8 para o estado do Amazonas, deu-se início a megaoperação para salvar vidas. Em 11 de janeiro, Pazuello faz visita a Manaus, porém para os militares do governo, o ministro não deu o devido destaque a operação que foi iniciada quatro dias antes.

o desconforto foi grande que militares palaciano se incomodam com as matérias jornalísticas que lembrem esse cenário que patente o militar do ministro da Saúde com as forças armadas.

Para evitar a ligação com o Exército, pedem que os jornalistas se refira a ele unicamente como ministro, não como general.

Domingo (17), a derrota do governo, que ao olhar dos aliados do presidente, o tenha deixado irritado, querem encontrar culpados pelo ocorrido, Bolsonaro deve ser convencido a rifar o general e realoca-lo em outro cargo no governo. Porém para muitos apoiadores do centrão essa troca não deve ser feita agora e sim em fevereiro com a reforma ministerial. O que se sabe que o presidente gosta do perfil “cumpridor de ordens” de Pazuello.

Vai e Volta

Na última quinta-feira (14), um avião brasileiro estava programado para decolar rumo à Índia para buscar as doses, aeronave da Azul Linhas Aéreas A330neo, a maior da empresa, decolou às 14h48 do Aeroporto de Viracopos e pousou na capital amazonense às 18h, no horário de Brasília.

Avião da Azul foi adesivado especialmente para a missão de trazer 2 milhões de doses da Índia | Imagem: Divulgação/ UOL

Houve erro de comunicação após a Índia informar ao Itamaraty que desencontros entre o que foi anunciado pelo governo federal e o que os indianos planejavam. No mesmo dia em que a comitiva brasileira sairia para buscar as doses, o Ministério das Relações Exteriores da Índia já demonstrava que esse acordo poderia não acontecer.

O jornal indiano The Times of India afirmou que o ministro de Relações Exteriores Anurag Srivastava disse que a prioridade do governo indiano é operacionalizar a sua própria campanha de imunização.


“É muito cedo para dar uma resposta específica sobre o fornecimento a outros países. Ainda estamos avaliando os cronogramas de produção e a disponibilidade para tomar decisões a esse respeito. Isso pode tomar algum tempo”, disse Srivastava em coletiva de imprensa.

Após o desencontro de expectativas entre o governo brasileiro e o governo indiano, o Itamaraty confirmou que a Índia não poderia atender a demanda nacional de prontidão.

Segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, o ministro Ernesto Araújo telefonou para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, no dia em que o site indiano Hindustan Times publicou uma notícia informando que, segundo fontes do governo indiano não identificadas na matéria, ainda não há previsão de quando a Índia autorizará o fornecimento dos imunizantes a outros países, incluindo o Brasil.

De acordo com o Itamaraty, Jaishankar manifestou a intenção de atender ao pedido brasileiro “nos próximos dias”, mas não indicou uma data para que as doses da vacina sejam liberadas. Ainda segundo a pasta, o chanceler indiano atribuiu o atraso na liberação a “problemas logísticos” decorrentes das dificuldades de conciliar o início da campanha de vacinação no país de mais de 1,3 bilhão de habitantes ao fornecimento de imunizantes para outras nações.

Resposta brasileira

O governo indiano de forma negativa afetou diretamente os planos do Ministério da Saúde no Brasil para campanha nacional de vacinação, que teve seu início marcado para hoje. As duas milhões de dozes do imunizantes que viriam da Índia estava nos cálculos do governo para garantir o início da vacinação.

Segundo Bolsonaro em entrevista á TV Bandeirantes, Jair Boslonaaro (sem partido) admitiu que o cronograma definido pelo governo federal para o transporte das vacinas seria atrasado em “no máximo três dias”. Na ocasião, o presidente também lembrou que a campanha de vacinação na Índia afetou diretamente a disponibilidade do país em ofertar doses para outras nações.

Após a fala de Bolsonaro, três dias se passaram e as vacinas continuam em solo indiano. O próprio Instituto Serum da Índia tem prazos diferentes para garantir a entrega.

Segundo o The Times of India, o diretor do instituto, Adar Poonawalla, informou no último sábado (16) que acredita que os imunizantes devem ser enviados ao Brasil em duas semanas. A expectativa de Poonwalla foi confirmada pelo canal de notícias americano CNN.

O governo federal não tem uma data exata para o fornecimento das doses ao Brasil, maior impasse é a demanda indiana em vacinar a sua população. Além disso, a Índia possui um olhar geopolítico em relação às doses.

O país estuda conceder vacinas a preços simbólicos primeiramente a países vizinhos, como Sri Lanka, Bangladesh e Nepal. O objetivo é fortalecer a influência do país na região, disputada também pela China.


Nesta segunda-feira, Bolsonaro postou uma foto ao lado do embaixador da Índia, Suresh Reddy, porém, não deu detalhes de qual pauta foi discutida.

 Divulgação/Palácio do Planalto

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