Racismo e Vacinação: A Importância da Prioridade para Mulheres Pretas na Luta contra a Covid-19

O racismo estrutural no Brasil revela-se nas reações ao destaque dado às mulheres pretas como primeiras vacinadas no país

A indignação de alguns setores da sociedade brasileira com a comemoração da vacinação de mulheres pretas evidencia o racismo estrutural profundamente enraizado no país. O fato de que as primeiras vacinadas em diversas localidades são mulheres pretas deveria ser celebrado como um marco de justiça social, mas, em vez disso, tem incomodado aqueles que não compreendem a urgência de corrigir as desigualdades históricas.

Dados revelam que a população preta no Brasil enfrenta um risco significativamente maior de morte por Covid-19. Segundo estatísticas, pessoas pretas possuem aproximadamente 50% mais chances de morrer pela doença em comparação com pessoas brancas. Além disso, as mulheres pretas, majoritariamente representadas nas categorias de técnicas e auxiliares de enfermagem—profissões de saúde com menor remuneração—, constituem a maioria dos profissionais de saúde que perderam a vida na linha de frente durante a pandemia.

A desigualdade racial no Brasil é gritante: 56% da população se identifica como preta ou parda, e um jovem preto tem 2,7 vezes mais chances de ser assassinado do que um jovem branco. Esses números não apenas expõem a vulnerabilidade da população preta, mas também sublinham a necessidade de ações afirmativas e priorização em políticas de saúde pública, incluindo a vacinação.

Priorizar a vacinação para aqueles que mais necessitam, especialmente em um contexto de desigualdade estrutural, não é apenas uma questão de justiça, mas de saúde pública eficaz. O Sistema Único de Saúde (SUS) e a democracia brasileira devem ser sinônimos de equidade, oferecendo mais recursos para aqueles que enfrentam maiores adversidades.

A resistência à priorização de grupos marginalizados revela o incômodo de uma parte da sociedade que está acostumada a privilégios. Viver em uma sociedade justa e organizada racionalmente implica reconhecer e corrigir essas disparidades, priorizando quem precisa mais, não quem sempre teve mais acesso e privilégios. A reação de desconforto daqueles que se opõem a essas medidas reflete a dificuldade de aceitar uma mudança de paradigma que busca equidade em vez de perpetuação de privilégios.

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