O racismo no Brasil e a responsabilidade das empresas: uma reflexão necessária

Racismo é um fenômeno que, embora negado por muitos, é cientificamente comprovado e vivenciado todos os dias.

O racismo é um fato inegável, não apenas na realidade social, mas também nos números, na história e na experiência cotidiana das pessoas negras no Brasil. Quando figuras públicas, como um vice-presidente, tentam negar sua existência, o que se revela é uma mistura de má fé, ignorância e uma pequenez moral que não pode ser tolerada. A ciência, a experiência empírica e a história são claras: o racismo está presente de forma estrutural e sistêmica, e negá-lo é uma forma de perpetuar a dor e a injustiça.

O caso envolvendo a multinacional Carrefour é um exemplo gritante dessa realidade. A abominação cometida pelos seguranças da empresa, em especial por um ex-PM, ao agredir violentamente até a morte um homem negro sob a justificativa de “contenção”, é um reflexo da impunidade e da normalização da violência racial no Brasil. Esse tipo de crime não pode ser justificado sob nenhum pretexto, e é essencial que a empresa pague por suas responsabilidades, não apenas em termos legais, mas também em um sentido moral. Empresas que promovem esse tipo de violência precisam ser responsabilizadas de maneira exemplar.

Além disso, é fundamental discutir a relação entre o racismo e a terceirização do trabalho. A terceirização, especialmente em áreas de funções consideradas “não fins” como segurança e limpeza, é uma forma clara de precarização do trabalho, onde os funcionários, muitas vezes negros, são afastados de um vínculo mais profundo com a empresa. Isso os coloca em situações de maior vulnerabilidade e menor participação em processos de treinamento e promoção, exacerbando as condições de trabalho desiguais.

A terceirização e a uberização, formas de precarização do trabalho, são em grande parte racistas. Elas criam condições em que as pessoas negras, mais uma vez, são as mais atingidas pela falta de direitos e de proteção no ambiente de trabalho. O fato de as empresas contratantes muitas vezes se eximirem de responsabilidade direta sobre os atos de seus funcionários terceirizados não pode ser aceito. Essas empresas continuam sendo responsáveis pelas ações de seus empregados, independentemente do vínculo formal, e devem ser cobradas por isso.

O racismo estrutural no Brasil exige que as empresas, em especial aquelas com grande poder de mercado, assumam sua responsabilidade e garantam que seus processos, desde a contratação até o treinamento, não reforce o preconceito e a violência. O combate ao racismo deve ser uma prioridade em todos os níveis, tanto nas ações individuais quanto nas políticas institucionais. O Brasil não pode mais se dar ao luxo de ignorar essas questões.

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