Um outro grande mal a infodemia

O inevitável aconteceu. a Covid-19, mais conhecida como o novo coronavirus, se instalou no Brasil,  e o cenário  se tornou alarmante, a nação brasileira está em 2º lugar no ranking com o atual cenário de 3.847.163 infectados e 120.507 mortos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos com 6.057.520 casos positivos da doença e 185.537 óbitos.  O vírus está destruindo o país e agora temos diante de nós duas responsabilidades igualmente importantes: mobilizar os recursos médicos e científicos para atender às pessoas contaminadas e desenvolver procedimentos capazes de minimizar a consequência potencialmente mais letal da enfermidade, a irracionalidade do medo coletivo.

A terapia mais eficiente contra o pânico social é a informação, antídoto das condutas irracionais alimentadas pelo desconhecimento. um outro fator que impede  das informações serem amplamente corretas é a disseminação de mensagem que  faça e, remédios milagrosos para a cura e tratamento no combate ao Covid-19. Até agora, as autoridades de saúde vêm pedindo que as pessoas evitem o contágio do medo, mas nenhuma estratégia consistente de comunicação foi desenvolvida para evitar o que já foi apelidado de infovírus.

Um grande problema é que mexe com o emocional e também com o lado racional quanto com o irracional da população tanto brasileira quanto mundial é colocadas diante de uma ameaça pelo novo coronavírus.

A raça humana tem o instinto natural da autodefesa, mas isso varia de pessoa para pessoa dependendo do seu nível cultural, grau de conhecimentos e do tipo de acesso à informação, para citar apenas os itens mais comuns em matéria de formação de opinião pública. Um dos grandes erros é a falta da verificação das informações, a checagem é essencial.

disseminação de boatos e notícias falsas pelas redes sociais aumentou de tal maneira que empresas como Facebook, Twitter, YouTube, Tik Tok e Tencent montaram grupos de crise para lidar com a contaminação do pânico. A estratégia usada é excluir e até banir os usuários por usarem as ferramentas de forma indevida, repassando notícias faltas. A situação atingiu limites críticos na província chinesa de Hubei, onde está localizada a cidade de Wuhan, o epicentro da epidemia. Em cidades inteiras submetidas à quarentena doméstica, seus habitantes passaram a usar as redes sociais obsessivamente, o que facilitou a disseminação de boatos, do medo e de atitudes discriminatórias.

A pandemia da Covid-19 (Sars-CoV-2), que se espalhou rapidamente pelo mundo mostra que a sociedade mundial precisa de forma obrigada a lidar com uma enfermidade cujo combate depende tanto da informação, justo num momento em que nós ainda não sabemos como lidar com ela no dia a dia, isso é algo que não aconteceu na época da maior pandemia do século XX, A Gripe Espanhola. 

O novo coronavírus é muito letal, passando das outras epidemias recentes causadas por vírus da Síndrome Respiratória Aguda (Sars) e Zika. Essa epidemia teve origem em Wuhan na China, e em poucos meses passou a ser temida mundialmente, porque contaminou a disseminação de informações no mundo digitalmente interconectados, um fato inédito na história da humanidade. 

Boatos mais velozes que o vírus

O ano de 2020 está caminhando para o fim, restando apenas 4 meses e o cenário permanece o mesmo até agora, a população habituada a combater epidemias usando apenas médicos, enfermeiras, remédios e hospitais. Mas a revolução tecnológica, a globalização social e a explosão demográfica criaram uma situação inteiramente nova que está pondo à prova nossa capacidade de adaptação à nova realidade.

A ciência moderna pode encontrar uma vacina contra o coronavírus com relativa rapidez, os estudos estão com força total. Não faltam conhecimentos, dinheiro e equipamentos de pesquisa. Além disso, cientistas australianos já desenvolveram um aplicativo apoiado em robôs eletrônicos que consegue detectar rapidamente o surgimento de uma epidemia usando como base mensagens no Twitter trocadas entre doentes, médicos e hospitais, um avanço promissor. Seriam fatores capazes de gerar tranquilidade, mas o que se nota é um aumento acelerado das condutas irracionais alimentadas pelo medo, mostrando que o contágio do pânico é muito mais veloz do que a transmissão física do vírus. As pessoas precisam deixar de acreditar no que não é real. é algo difícil de acontecer.

Essa disparidade entre informação e desinformação está na origem da primeira grande infodemia da nova era digital, esse novo mecanismo transparece a realidade e o que não é real, fica difundido e eleva o grau para  combatê-la, não bastam vacinas e hospitais. É essencial um recurso altamente escasso no mundo inteiro e que ainda é pouquíssimo estudado: como lidar com a informação em situações críticas, onde as pessoas são confrontadas com o desconhecimento? O que pode ser assertivo na resposta, é a sociedade buscar a informação sempre em veículos que tenha credibilidade e transparência.

Durante mais de um século, a  população brasileira foi instruída pela imprensa comercial a esperar dela a solução para a grande maioria dos problemas do cotidiano.“Vocês pedem, nós investigamos e publicamos as soluções” foi o mantra tradicional dos conglomerados midiáticos, incorporado pela maioria dos jornalistas profissionais, que hoje ocupam o papel central na cobertura da pandemia. Hoje, a situação mudou radicalmente. A imprensa está em crise, não pode mais responder a todas as demandas da sociedade e nós ainda não conseguimos resolver por nossa conta os dilemas criados pela avalanche de informações criadas pela internet.

A sociedade em geral está se contaminando pela infodemia do Covid-19 diante da falta e do preparo insuficiente para lidar  com o contágio do medo, essa é a pior situação que todos estão vivendo. Apenas uma  parcela de pesquisadores da comunicação renomados tem consciência do papel crítico que a informação passou a ter em todos os mecanismos sociais contemporâneos.

Em algumas áreas, como a política, o fenômeno das fake news conseguiu incorporar ao vocabulário cotidiano uma preocupação que é compartilhada por cada vez mais pessoas, inclusive pelo presidente Jair Messias Bolsonaro. Nas redes sociais, também há bolsões de conscientização das consequências de notícias falsas, boatos e rumores.

A pandemia do coronavírus  está criando uma situação extremamente crítica no contexto da matéria de informação sobre como lidar com a nossa saúde. Estamos sendo obrigados a reconhecer que nosso bem estar não depende mais apenas de remédios e tratamentos. Depende também, e muito, do tipo de informação que temos e sobre a qual baseamos nossas decisões. Os cientistas podem até descobrir a cura do coronavírus, mas se o contágio do medo for mais rápido, o esforço dos pesquisadores será incapaz de salvar a vida de todos os infectados física e informativamente.

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