O Brasil enfrenta uma pandemia, e a resposta do governo federal tem sido desastrosa para as populações mais vulneráveis, especialmente nas favelas.

SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro, desde que assumiu o cargo, tem favorecido os interesses das grandes empresas e elites em detrimento das classes trabalhadoras e mais pobres. O país está no centro de uma pandemia global, mas o governo tem se mostrado desinteressado em proteger as populações mais vulneráveis. As favelas, onde vivem 13 milhões de pessoas no Brasil, têm enfrentado uma crise sanitária e social ainda mais grave devido à falta de serviços básicos e de uma resposta eficaz das autoridades.
Em meio ao caos do coronavírus, as recomendações de distanciamento social, lavagem constante das mãos e isolamento dos infectados se mostram difíceis de serem seguidas na realidade das favelas. Como afirmou Raull Santiago, ativista do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro: “Aqui na favela, a água chega duas vezes por semana. Economizamos água não apenas para a consciência, mas também para a sobrevivência”. Essa falta de acesso básico torna impossível implementar as orientações sanitárias para prevenir a propagação da doença.
O governo Bolsonaro, desde o início da crise, tem se preocupado mais com o impacto econômico da pandemia, favorecendo grandes empresários e negligenciando a população que mais precisa de apoio. Sem um plano específico para as favelas, o presidente tem sido acusado de tomar medidas que desconsideram as dificuldades enfrentadas pelos pobres. Ao ignorar a gravidade da situação, Bolsonaro não só coloca em risco a saúde das pessoas, como também agrava a crise social que já existia no país.
Nos últimos meses, Bolsonaro minimizou a gravidade da pandemia e fez declarações contra o isolamento social. Em março, ele tomou as ruas de Brasília, desafiando as recomendações do Ministério da Saúde, e criticou os governadores que impuseram medidas de confinamento. Em vez de priorizar a saúde pública, o presidente parece mais preocupado em garantir a continuidade das atividades econômicas, sem considerar as realidades das favelas e as consequências devastadoras para as pessoas que vivem nelas.
A falta de apoio ao trabalhador informal e a precariedade dos serviços públicos nas favelas são apenas alguns dos pontos críticos dessa crise. Segundo dados, 70% das famílias nas favelas sofreram queda na renda, com a maioria vivendo de um salário por dia e sem garantia de direitos trabalhistas. Sem políticas públicas que atendam a essa população, o impacto da pandemia será ainda mais devastador.
Alguns empresários, como Luiza Trajano, adotaram medidas de apoio aos seus empregados, doando recursos e implementando práticas de solidariedade. Contudo, o governo federal segue ignorando as necessidades imediatas das favelas. A Central Única das Favelas pediu ao governo a distribuição urgente de água, alimentos e itens de higiene, além da suspensão do pagamento de contas básicas. Enquanto isso, as grandes empresas continuam recebendo privilégios enquanto a maioria da população padece.
A pandemia, longe de ser uma crise natural, expôs a negligência histórica do governo em relação às desigualdades sociais no Brasil. A falta de ação adequada em relação às favelas não é uma falha acidental, mas sim uma demonstração clara de que os mais pobres continuam sendo tratados como cidadãos de segunda classe. O custo dessa omissão será pago em vidas, e a sociedade brasileira não pode mais se dar ao luxo de ignorar o sofrimento das comunidades marginalizadas.