O cenário político atual exige uma reflexão profunda sobre o que está em jogo nas escolhas eleitorais, especialmente quando se trata da área da saúde, que afeta diretamente a vida dos cidadãos.
É completamente aceitável ser contra o Partido dos Trabalhadores (PT) dentro de uma democracia, onde a pluralidade de opiniões deve ser respeitada. No entanto, é crucial que essa oposição não seja usada como justificativa para apoiar opções políticas que representem riscos ainda maiores, como a ascensão de figuras com comportamentos autoritários e incapacidade administrativa. No Brasil, as eleições têm se mostrado um campo de batalha em que ideologias antagônicas se enfrentam, e a saúde, especialmente o Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido um dos pontos mais abordados pelos eleitores.
Muitos defensores do candidato do PSL destacam as falhas do SUS, mencionando as longas filas como um exemplo de decadência do sistema. No entanto, é importante lembrar que, durante o governo do referido candidato, pouco ou nada foi feito para solucionar esses problemas. Pelo contrário, ele foi um dos apoiadores da Emenda Constitucional 95, que limita os investimentos em saúde e educação, setores que já enfrentam orçamento baixo. Com apenas dois reais per capita por dia destinados à saúde no Brasil, essa medida agravou ainda mais a crise no SUS.
Além disso, o governo de Bolsonaro ficou marcado por ações anticientíficas, como o apoio a tratamentos sem comprovação científica, como a fosfoetalonamina. Em um episódio trágico, o então presidente incentivou o uso de uma medicação não testada para pacientes terminais, promovendo falsas esperanças e ignorando os princípios da medicina baseada em evidências. Essa postura também se reflete em seu atual programa de governo, que, ao mencionar a importância da saúde bucal para grávidas, carece de embasamento científico, evidenciando uma desconexão com a realidade das políticas de saúde pública.
Por outro lado, Fernando Haddad, mesmo diante das críticas ao programa Mais Médicos, tem um histórico de ações concretas e efetivas para melhorar a saúde pública. Como prefeito de São Paulo, ele implementou 15 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e construiu 33 hospitais-dia, além de ter sancionado leis importantes, como a que obriga a inclusão de alimentos orgânicos nas merendas escolares. Sua gestão também foi marcada por iniciativas inovadoras, como o programa “De Braços Abertos”, que tratava usuários de crack de forma humanizada e eficaz.
No campo da corrupção, enquanto o candidato do PSL se limita a frases de efeito, Haddad criou a Controladoria Geral do Município de São Paulo, que recuperou 200 milhões de reais desviados em propinas, mais do que o montante envolvido no escândalo do Mensalão. A ação foi tão eficaz que, ao assumir a prefeitura, João Doria revogou a medida para agradar à base política, mostrando que interesses pessoais muitas vezes prevalecem sobre o bem comum.
Na área econômica, Haddad também demonstrou competência ao reduzir a dívida do estado de São Paulo pela metade. Já o candidato do PSL, em sua trajetória política, pouco fez em termos de responsabilidade fiscal.
Diante de tantos desafios e complexidades, é essencial que os eleitores escolham com sobriedade, levando em consideração o histórico e as propostas concretas dos candidatos. O antipetismo não pode ser o único critério para tomar uma decisão que afetará diretamente o futuro do Brasil. O voto precisa ser responsável e orientado para escolhas que garantam avanços reais, sem retroceder para opções que colocam em risco a democracia e o bem-estar social.