O suspiro de humanidade: o ato em memória de Marielle Franco

O ato em homenagem a Marielle Franco foi mais que uma manifestação política; foi um grito de humanidade em meio ao luto e desespero, uma resposta coletiva à violência e à injustiça.

O ato de hoje, em memória de Marielle Franco, foi um raro suspiro de humanidade. Em meio a tanta tristeza e luto, amigos queridos e pessoas raras se reuniram, mostrando que, mesmo na escuridão, a solidariedade e a compaixão ainda florescem. O luto e o desamparo gerados pelo horror de ontem uniram aqueles que, de alguma forma, se identificam com a pauta dos direitos humanos. Como Lucas Bulgarelli observou, foi um ato subjetivo, mais simbólico do que prático, mas essencial para reafirmar nossa humanidade.

O impacto emocional do evento foi profundo, gerando insônia e uma sensação sufocante de angústia que persistiu ao longo do dia. O ato foi uma reação a essa solidão e vulnerabilidade, um espaço onde as pessoas puderam se unir, ocupar o espaço público e encontrar conforto umas nas outras. Essa união foi uma resposta direta ao terror e à sensação de impotência, uma reafirmação de que, mesmo diante do horror, é possível resistir e buscar apoio mútuo.

O ato também foi um momento de reflexão. As milícias policiais, que deveriam garantir a segurança, parecem ter fugido do controle, e até mesmo a classe política está melindrada. Como Paulo Iotti destacou, a presença e indignação coletiva nas ruas tornaram-se a última defesa do Estado de Direito, um freio necessário à banalidade do mal que ameaçava normalizar a execução brutal de Marielle Franco. Deisy Ventura afirmou que este era o limite do tolerável, e a única alternativa seria o exílio. Renan Quinalha levantou uma questão crucial: como acreditar numa democracia onde a esquerda é sistematicamente impedida, cassada ou assassinada?

Apesar do horror, o ato de hoje foi uma pequena flor rompendo o asfalto, como descreveu Drummond. Marielle Franco tornou-se um símbolo, uma mártir que despertou uma pequena primavera de resistência. Embora as consequências a longo prazo ainda sejam incertas, a luta por reparação e verdade deve continuar. O legado de Marielle – sua luta contra a violência policial, o genocídio da população negra, a violência contra a mulher e o terror de Estado – mostrou-se mais vivo do que nunca.

Entre lágrimas, houve também um momento de dignidade. Resistência foi o lema da noite, e a luta será o de amanhã. Este foi apenas o começo de uma jornada pela justiça, pela memória de Marielle Franco e por todos aqueles que continuam a lutar contra a opressão e a violência.

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